quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Nasa descobre bactéria que se alimenta de arsênio



Cientistas descobriram uma bactéria que consegue se alimentar de arsênio, uma substância tóxica para a maioria dos organismos multicelulares, em vez de fósforo. A descoberta aumenta as possibilidades de desenvolvimento da vida e amplia o escopo da procura por vida extraterrestre. O estudo será publicado na revista Science e foi liderado pelo Instituto de Astrobiologia da Nasa.

Cerca de 98% do corpo humano é formado por apenas seis elementos: carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, enxofre e fósforo. Esses elementos são cruciais para a formação da vida como a conhecemos e são a base das proteínas, lipídios e o próprio DNA — a base do que chamamos de vida. A descoberta da Nasa indica que é possível que uma combinação diferente de elementos químicos da tabela periódica tenha a mesma função.
O arsênio possui propriedades químicas semelhantes ao fósforo, cientistas já havia teorizado que seria possível manter a estrutura física das moléculas trocando um elemento pelo outro. No entanto, isso nunca havia sido observado na natureza.

Partindo dessa ideia, a equipe de pesquisadores liderados pela bioquímica Felisa Wolfe-Simon isolou uma cultura de bactérias da família Halomonadaceae do Lago Mono, na Califórnia, EUA. Esse lago supersalgado é considerado inóspito para a maioria dos seres vivos, mas alguns organismos conseguem sobrevivem. Os cientistas cultivaram as bactérias em uma solução salina de fósforo e foram alterando a concentração gradativamente, substituindo o elemento por arsênio. As bactérias conseguiram se adaptar à solução e passaram a integrar o arsênio no seu ‘maquinário celular’ — em vez de fósforo nas estruturas moleculares, os pesquisadores observaram o arsênio.

Por causa dessa descoberta a ciência terá que fazer um “busca mais profunda do conceito da arquitetura da vida”, diz Vera Solferini, bióloga do Departamento de microbiologia do Instituto de Biologia da Unicamp. Ela destaca que as pesquisas que buscam a origem da vida terão o horizonte ampliado. De acordo com os autores da pesquisa, a vida que conhecemos exclui alguns elementos e inclui outros. “Tudo leva a crer que essas não são as únicas opções”, destaca o artigo.

Felisa acredita que a maior descoberta não está no Lago Mono. “Se um organismo pode realizar algo tão inesperado na Terra, o que mais a vida pode fazer que não vimos ainda?”, diz. “É hora de descobrirmos.”

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